SAID
Yorkshire
14 de Mar, 2002
09 de Fev, 2013



Nascido em 2002-03-14, Said entrou em nossas vidas em um momento muito importante, quando minha mãe havia perdido, em menos de 3 meses, sua mãe e seu irmão (minha avó e meu tio).

Teve uma missão muito importante, confortar, alegrar e fazer companhia para minha mãe durante esse tempo difícil e por mais 11 anos, nos ensinando lições de amor incondicional a cada dia, tornando-os mais leves apesar de toda a dureza da realidade.

Quando pequeno, saía correndo com minhas meias, quando estava atrasada para trabalhar. Com o mesmo propósito, puxava as barras de minhas calças compridas para dificultar que eu as vestisse. Mamãe não se lembra disso, pois não acordava cedo. Meu pai chegou a conhecê-lo, o chamava de “Said Miguel”, aliás, ele tinha muitos apelidos (Neno, Boo, Buzinho) e um vocabulário próprio. Não entendia passear, somente “xaxau” e a maioria das palavras tinham que ser ditas em sotaque “alemón”.

Said adorava passear de carro, enlouquecia na estrada quando avistava um cavalo, se houvesse um caminhão a minha frente, ele não parava de latir até que eu o ultrapassasse, quando então ele olhava para trás (para o caminhão e “dizia” háááaáá). Motoqueiros (motoquéeeerens no dicionário dele) eram sempre esperados na janela para ele dar um susto na sinaleira. O lixeiro também não escapava.

Todas as manhãs, perto do meio-dia, quando acordavam, mamãe o levava para passear, respirar o delicioso ar de Balneário Camboriú, encontrar com outros “vávens” amigos na rua e quem sabe latir para um velho feio que se aproximasse. Dona Ilona já era conhecida pela “bonita senhora que passeia todos os dias com um lindo cachorrinho”.

Quando ela saía de casa, era só falar “a vóven vai sair, mas ela já vem, táááá?) ele ficava muito triste, se “escondia” e depois ficava na porta esperando, sem comer ou beber nada, mesmo que eu lá estivesse com ele.

Todas as noites, quando minha mãe apagava todas as luzes para ir dormir, ele começava com um latido característico, então ela perguntava, “o que ele querrrrr” (alemoado), ele fazia o “giroflex” (girava de felicidade) e ela tinha que alimentá-lo na mão até que ele não mais quisesse. Era um dos rituais. Às vezes eles à noite eles me ligavam, então falava com o “Neno querido da vovén” pelo telefone, já que a física nos separava. Então ele deitava-se com ela e a aquecia nas noites frias de inverno com todo o seu amor!

Há dois anos, começou a ter dificuldades de respiração, quando foi diagnosticado edema pulmonar e que o coração estava crescendo demais. Foram anos de dedicação e cuidado de minha mãe, que cuidou e sofreu junto de seu melhor amigo até que o seu coraçãozinho parasse de bater... esse amor nunca morrerá.

Que nossos corações parem de chorar e entendam a sua partida e o significado sua presença aqui conosco, que tenhamos aprendido tudo que viestes nos ensinar.

Said, obrigada por ter feito nossa vida melhor!