Laika
Vira-Lata
20 de Jan, 2005
18 de Out, 2022
Laika, a vira-latinha preta com o pé direito traseiro branco, que foi escolhida dentre outros filhotes na época em que um veterinário fez uma campanha de adoção.
Você estava no colo da esposa do veterinário e sem cogitar outro filhote escolhemos você.
Te levamos para casa pequenininha e primeiro colocamos o nome de Bob, mas logo notamos que era uma fêmea e então demos o nome de Laika, a Laikinha. Quando o pai viu que trouxemos um cachorro detestou e queria por que queria que te devolvessemos, mas no final acabou aceitando, coisa de pai. No seu primeiro dia em casa colocamos em uma caixa de papelão, mas você fugia e se rastejava pelo piso chorando de madrugada, e eu ia te acolher.
Com o tempo cresceu e começou a fase arteira. Brincava, corria, puxava o cadarço do tênis do vizinho toda vez que via ele e, principalmente, tinha uma habilidade especial: dar a patinha toda vez que estavamos perto de você, e poderia ficar horas dando a patinha até que não saíssimos de perto. Construímos uma casinha de madeira para você e lá foi seu lar por muito tempo.
Toda vez que saíamos latia bastante e ficava na frente do portão esperando até que chegassemos - principalmente o pai quando saia. Quando eu chegava em casa da época da escola, você todos os dias pulava nas minhas pernas para mim fazer carinho em você.
Adorava dar as suas caminhadas rotineiras sozinha pela vizinhança toda vez que a soltávamos pelo portão. Gostava também de cavar buracos pelo terreno para enterrar ossos, arqueóloga por natureza, de tomar um solzinho ao meio dia e caçar animais pela casa, de fazer suas rondas noturnas pelo terreno em que ouviamos ela caminhando pelas pedras toda noite, e brincar comigo de "lutinha" e correr pelo quintal, isso ela gostava de fazer no espaço que tinha. Mas havia uma coisa que ela amava acima de tudo... os petiscos voadores que davamos a ela quando ela ficava em frente a porta da cozinha pedindo com aquela cara de coitada. Osso, carne, pizza, pipoca, pirulito, banana, ela não disperdiçava nada que fosse de seu paladar e comia até se empanturrar. No quesito personalidade, era meio interesseira e indiferente, mas a gente sabia que ela gostava de nós e nós dela. Principalmente o pai que nos últimos anos de vida dela passou a adorá-la como nunca e que deixou que ela ficasse passeando pela casa e dormindo nos tapetes. Eu mesmo levava ela pro meu quarto pra dormir em cima do tapete.
Essa basicamente foi sua vida até que problemas de saúde graves começaram a chegar. Parou de enxergar pelo olho direito e o pior de tudo, o câncer, agravou sua saúde.
Curiosamente, ou por obra do destino, o médico veterinário que a atendeu foi aquele mesmo que em 2005 promoveu aquela campanha de adoção que em que a adotamos (ainda que ele não se lembre disso). Passou por duas cirurgias severas, mas aguentou com uma verdadeira guerreira - como foi quando a perdemos aquela vez por quase um mês devido aos fogos de artifício e ela voltou sozinha para casa.
Infelizmente a segunda cirurgia agravou seu estado, já era uma vovózinha de 17 anos, e acabou morrendo no dia 18/10/2022. Mas como eu disse foi uma guerreira e no seu penúltimo dia de vida estava de pé andando como se nada estivesse acontecendo, como se o fim não estivesse próximo, e assim ela nos fez parecer, que nada ia acontecer.
Era uma cadela feliz e saudável que esteve com a gente desde 2005 vivendo longos e felizes 17 anos conosco e principalmente para nós porque nos trazia muita alegria, ainda que ela não soubesse disso.
Adeus Laika... espero que esteja num lugar melhor. Não vejo a hora de te encontrar de novo e te pedir para dar a patinha... 🐶